Saturday, June 26, 2004

"Every day should be a good day to die" - Dave Matthews na música You never know do álbum Busted Stuff.

Tradução:
"Todo dia deveria ser um dia bom para morrer"

Concordo.

Friday, June 18, 2004

O DIA EM QUE A FERNANDA LIMA FALOU COMIGO

Quente, úmido, ensolarado. Assim foi o último dia da semana de provas do colégio Nossa Senhora do Rosário. Isso em Porto Alegre. Eu estava no primeiro ano do segundo grau. Ou seria o segundo? Bem, esse lapso na memória não terá relevância para a história. O fato é que eu era um aprendiz de grunge, cabelos secos, crespos, relutando alcançar os ombros. Sim, porque do primeiro para o segundo ano do segundo grau meu cabelo não cresceu.

Situados na questão 'espaço-tempo', vou relatar o episódio. Estava eu com um amigo num banco da praça em frente ao colégio. Conversávamos trivialidades sobre as questões de trigonometria ou geometria espacial (depende do ano). Meu amigo bebendo seus 300 ml diários de guaraná num copo de plástico rotulado pela Coca-Cola. Eu chutando as pedrinhas da praça ao alcance do meu pé direito. Uma das pedrinhas (batizei-a de 'The One') teve a felicidade suprema de encostar na sandália 36 da mais bela das belas (perdoem-me o clichê) já matriculadas naquele instituto educacional. Era Fernanda Lima, atravessando a rua, caminhando em nossa direção.

Retrato-me de uma falácia no parágrafo anterior. Ela não caminhava em nossa direção. Flutuava. Perdoem-me mais uma vez o clichê e a breguice (o amor, mesmo o platônico comum aos adolescentes, e a paixão são de fato bregas). E em câmara lenta. Fernanda olhou para a pedrinha, desviou-a para o lado e, numa suavidade própria dos anjos, voltou a fixar seus olhos amendoados nos dois pré-grunges sentados a sua frente. Balançou com graça e delicadeza seus cabelos enquanto a suave brisa os acariciava. Juro nesse momento ter ouvido Ella Fitzgerald cantando 'They Can't Take That Away From Me' ao lado de Louis Armstrong (Que foi?! Grunge não pode ouvir balada não?!). Meu amigo já não bebia mais seu guaraná. Acredite, éramos normais. Ao menos gosto de pensar que éramos. Mas para meu amigo foi inevitável deixar escorrer algumas gotas da bebida pelo rosto, uma vez que não controlava mais os músculos faciais, extasiados em sorriso.

Enfim... não sei quantas batidas por segundo um coração adolescente suporta, mas posso lhes afirmar que o coração de um adolescente pré-grunge, cabelo ruim e, ok, confesso, levemente tarado resiste muito bem quando posto à prova.

A garota chega perto e sussurra suavemente no meu ouvido. Ok, ok. Não foi no ouvido. E não foram sussurros. Foi há uns bons 3 metros de distância. Mas deixa eu ter meus momentos! Nem que seja uma falsa memória. Enfim... ela diz pra mim:

- Oi. Tens o horário da recuperação?

Malditos estudos. Não... eu não tinha o horário da recuperação. E, pra piorar, tinha paralisado. Não tinha a menor idéia do que dizer. Então soltei a melhor coisa que pude pensar. A melhor coisa que um adolescente, pré-grunge, cabelo ruim, tarado e iletrado em Vinícius de Morais poderia dizer:

- Hum, não... passei por média.

Os passarinhos pararam de cantar. A suave brisa abruptamente gelou. Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, pela primeira vez na história desafinaram e passaram a interpretar 'Não aprendi a dizer adeus' em ritmo de lambada.

Como não poderia deixar de ser, Fernanda deu de ombros e voltou para dentro do colégio em busca do horário da recuperação. E foi-se... Sim, falei com Fernanda Lima. E Fernanda Lima acabou ficando Fernanda Lima para sempre. Nada de Fernanda Lima Cassol. Apenas Fernanda Lima.

Lástima. Uma lástima...

Tuesday, June 15, 2004

Angústias machucam. De vez em quando batem forte e a colisão é sempre na garganta. Mais precisamente na extremidade inferior do pescoço. Abaixo do pomo de Adão. Não sei de onde vem. Mas é de um lugar longe do meu alcance. E não poderia ser diferente. É preciso distância para chegar até o ponto de impacto com tamanha intensidade. Certamente vem também de um algum ponto escondido, desconhecido. Talvez dentro de mim, que caiba somente a mim desvendar seu habitat. Pode ser que esteja do lado de fora e de nada adianta vasculhar aqui por dentro. O efeito é amenizado com eventuais suspiros, como se fossem lapsos de esperança.

Cara...sério, preciso parar de ouvir essas músicas.

Monday, June 14, 2004

Hoje na hora de sair de casa minha vó perguntou se eu estava de ceroulas. Achei fantástico. Respondi que sim, estava de ceroulas, dois carpins e com meu suspensório novo para a reunião com um importante revendedor de rouge.

Friday, June 11, 2004

Aconteça o que acontecer, sempre terei Eric Clapton.

Saturday, June 05, 2004

"Ser racional é uma luta pra nós, que somos essencialmente sentimentais, mas se faz necessário."

Essa frase me foi dita por uma grande amiga. Nada mais verdade. Às vezes a gente se deixa levar pelo coração e a razão fica de lado. Nem sempre o que devemos fazer é lógico, mas (e falo por experiência própria) tem momentos em que os sentimentos nos precipitam a atitudes impensadas. Sempre fui da política de seguir o coração. Mas preste atenção: sempre tem uma voz, um resquício de razão deep down inside que deve-se tentar ouvir. É como se houvesse uma pequena superfície de lógica, uma infinita camada de sentimentos e lá no fundo, in the gut, outra sobra de razão. Geralmente e esse último resquício de razão que está com a razão (me perdoem o pleonasmo). Por ser mais difícil de perceber, é tb a mais difícil de compreender. E é por isso que em situações assim, cabe dar um passo pra trás, observar o problema de fora e então tomar uma decisão.

Wednesday, June 02, 2004

HOJE A NOITE NO DR. JEKYLL

Show com Os Ascensoristas e Gilez


Tuesday, June 01, 2004

Quarta-feira da semana passada fui a um recital de violão erudito. Sou formado em violão clássico pelo saudoso Liceu de Música Palestrina e a divulgação no jornal anunciava peças de John Dowland, J.S. Bach, Fernando Sor, Heitor Villa-Lobos entre outros. Todos os quais eu costumava estudar. Sentei-me no auditório cheio de expectativas, na esperança de, de alguma forma, me ver espelhado na apresentação do músico.

Sábado fui num casamento de um casal que se conhece desde os seus 12 anos. Hoje têm 27. São 15 anos de relacionamento interrompidos por um intervalo de 3. Novamente sentei-me na igreja cheio de expectativas, na esperança de ver, ouvir e sentir tudo o que faz de um casamento o dia mais importante de um amor verdadeiro. Expectativa essa criada mais pela necessidade de ver sentimentos reais no mundo do que por qualquer outra coisa.

O que esses dois eventos têm em comum pra mim?

Faltou naturalidade, faltou fluidez, faltou sensibilidade, faltou emoção.

Faltou cerrar os olhos, inspirar e deixar se levar pelo momento.

Faltou uma real inspiração de amor.

Faltou olhos lacrimejados.

Faltou fechar-se para o resto do universo, soltar a alma para deixá-la se manifestar na interpretação da melodia, na dança da valsa, na troca de olhares.

Faltou sentir que tudo aquilo ali era real, que era sentimento, que era o ápice de uma paixão.

Por tudo isso me senti um total estranho, perdido, deslocado. Mesmo entre meus compositores favoritos e amigos de anos.