Quarta-feira da semana passada fui a um recital de violão erudito. Sou formado em violão clássico pelo saudoso Liceu de Música Palestrina e a divulgação no jornal anunciava peças de John Dowland, J.S. Bach, Fernando Sor, Heitor Villa-Lobos entre outros. Todos os quais eu costumava estudar. Sentei-me no auditório cheio de expectativas, na esperança de, de alguma forma, me ver espelhado na apresentação do músico.
Sábado fui num casamento de um casal que se conhece desde os seus 12 anos. Hoje têm 27. São 15 anos de relacionamento interrompidos por um intervalo de 3. Novamente sentei-me na igreja cheio de expectativas, na esperança de ver, ouvir e sentir tudo o que faz de um casamento o dia mais importante de um amor verdadeiro. Expectativa essa criada mais pela necessidade de ver sentimentos reais no mundo do que por qualquer outra coisa.
O que esses dois eventos têm em comum pra mim?
Faltou naturalidade, faltou fluidez, faltou sensibilidade, faltou emoção.
Faltou cerrar os olhos, inspirar e deixar se levar pelo momento.
Faltou uma real inspiração de amor.
Faltou olhos lacrimejados.
Faltou fechar-se para o resto do universo, soltar a alma para deixá-la se manifestar na interpretação da melodia, na dança da valsa, na troca de olhares.
Faltou sentir que tudo aquilo ali era real, que era sentimento, que era o ápice de uma paixão.
Por tudo isso me senti um total estranho, perdido, deslocado. Mesmo entre meus compositores favoritos e amigos de anos.