O Brasil é a maior nação católica do mundo. Vemos constantemente provas de fé nas inúmeras datas comemorativas de anjos, santos e padroeiros nesse país afora. São demonstrações de gratidão a uma graça alcançada ou pedidos sinceros pela resolução de problemas.
A fé faz com que, mesmo na pobreza e beirando a miséria, muitas pessoas consigam atravessar anos de suas vidas até sairem do fundo do poço ou finalmente encontrarem-se com a morte. Pra elas, crer em Deus é a garantia de que tudo vai acabar bem, que existe uma força maior preocupada em resolver os seus problemas e que, com fé e louvor, momentos difíceis cessarão.
No entanto, essa mesma fé é, ao mesmo tempo, a maior qualidade e também a perdição do povo brasileiro. Fé traduz-se em esperança. Esperança nada mais é do que uma variação da palavra 'esperando'. Esperando que ninguém mais desvie dinheiro público. Esperando que um dia a justiça seja cumprida. Esperando que os responsáveis por gerir esse país caiam de vez no bom senso e dêem um jeito de reverter nossa péssima distribuição de renda.
E é em decorrência disso que dizem sermos um povo de memória curta. Quem tem esperança não precisa lembrar quem desviou bilhões do INSS ou o nome do deputado que aceitou propina pra fuder com o povo. Quem tem esperança não precisa se revoltar contra a política corrupta pois crê que logo ali na frente, alguém vai por tudo no seu devido lugar, fazendo valer de uma vez por todas a moral e ética divina.
Fé traz esperança. Esperança gera a inércia e mergulhamos na desmobilização social na qual nos encontramos. Está na hora de trocar a esperança por atitude. Em tudo. Não só no futebol.
