Fluxo de consciência
Seis e meia.
Foi essa a hora que cheguei no escritório hoje. Sem carro, abaixo de chuva, com sono e com uma saudade fenomenal das minhas duas japinhas. Chego aqui pra ter que lidar com mau humor de cliente, com cliente burro que fala do que não entende, que te falta com o respeito e ainda com outros que não pagam e ainda se julgam no direito de cobrar pelos trabalhos.
Em momentos como esses dá vontade de mandar tudo a merda, passar pelo escritório da Lella, puxá-la pela mão e sair correndo pra escolinha da Elisa pra passar o resto da vida brincando.
Quando pequeno, lembro direitinho de ouvir meus pais reclamando que não conseguiam dormir por causa da infinidade de preocupações na cabeça. Nunca consegui entender. Dormir era tão bom, tão fácil, tão simples. E é disso que eu lembro cada vez que eu vejo a Elisinha dormindo o sono dos justos. Com aqueles olhinhos puxados bem fechadinhos, aquelas bochechas lindas por vezes babadas de sono profundo, sua respiraçãozinha suave e gentil. Por pequenos instantes posso ouvir anjos sussurando ao meu ouvido que tudo ficará bem. Que as preocupações e o stress que se passam são momentâneos. E acredito.