Saturday, September 24, 2005

Terra da Garoa

Vez que outra implicamos com alguma comida mesmo antes de experimentar. Pelo que ouvimos falar dela, pela sua aparência e às vezes até mesmo seu aroma, enfiamos na cabeça que o gosto não é bom e passamos a difamá-la, torcendo o nariz e a amontoando nas bordas do prato. Até que certo dia se resolve provar. Surpreendentemente é uma comida saborosa e tu quer mais e mais daquele gostinho que até então havia sido ignorado.

É mais ou menos essa a relação entre eu e São Paulo. Sempre tive uma opinião sobre a cidade que, na minha cabeça, seria definitiva: deve ser feio, sujo, estressante, ser habitada por gente mal educada, fazer mal pros pulmões e o estress do trânsito deve enrijecer todos os músculos do ombro. Pois resolvi dedicar um feriado de 4 dias para uma visita. E não é que a visita foi saborosa?

A cidade definitivamente não é o melhor lugar do mundo para se fazer turismo. São Paulo não oferece as belezas naturais que o Rio oferece. Tampouco possui uma arquitetura que mereça comparações a uma Barcelona ou Paris da vida (que por sinal ainda preciso conhecer). Não tem as praias do nordeste nem a imagem dos alpes no horizonte. Ainda assim, irônicamente, tem tudo.

Tem o bairro da Liberdade com tudo muito barato (e finalmente os aparatos pro sushi foram adquiridos). Tem um metrô muito bom (que poderia servir de inspiração pro Eliseu Padilha que se elegeu vereador prometendo metrô para Porto Alegre). Tem um circuito cultural imenso e eclético.

E tem gente muito boa mesmo. Conheci amigos da minha namorada, familiares, amigos de parentes, parentes de amigos. Tive o imenso prazer de finalmente ser apresentado ao Estevão, rapaz que encabeça o blog sObras Completas que está num link ali na coluna da direita com o seu nome. Que galerinha do bem. Espero poder cultivar essa amizade. Os taxistas, cobradores de ônibus, garçons... todos muito prestativos. "Quem disse que São Paulo não tem gente boa não conhece São Paulo" me disse minha sogra. Concordo.

Eu gostei mesmo de São Paulo. Não sei se pela companhia da minha japinha ou se me senti importante num centro empresarial daquele tamanho. A verdade é que tanto foi a saudade de lá que quarta, ao buscar a Lella no trabalho, escolhi o caminho que eu sabia estar engarrafado.