Quando eu era pequeno, minha mãe costumava cantar Sonho Meu da Maria Bethânia para mim. Eu sentava no seu colo, quietinho. Olhos fechados, abertos olhando para o infinito ou simplesmente observando a perfeição dos traços maternos da dona Mariza. Alheio às mazelas do mundo, alheio até mesmo ao significado das palavras da canção, a melodia capturava minha alma a ponto de, com apenas dois anos de idade, levantar o olhar para minha mãe, suspirar e dizer: "Mãe, dá vontade de ir junto com essa música".
Mantenho até hoje esses ingênuos suspiros quando ouço determinadas canções. Suspiros profundos e ao mesmo tempo brandos. É o que me acontece com as músicas e a voz tenra e suave de Norah Jones. Ela estará em Porto Alegre dentro de duas semanas. Infelizmente o valor do ingresso me impedirá de assistir de perto essa moça de voz angelical. Como outros tantos sonhos da minha vida, terei que esperar a próxima oportunidade.