Heaven, I'm in heaven
Comprovei a existência dos anjos ontem ao assistir a Norah Jones ao vivo. Ela é doce, sua voz é suave, tenra e ouvi-la é estar em paz. Desde o momento do término da apresentação ouço tocar repetidas vezes a música Cheek to Cheek de Irving Berlin em minha cabeça. Pode parecer estranho não estar cantarolando uma melodia interpretada pela moça, mas leiam os 3 primeiros versos e vocês entenderão:
Heaven, I'm in heaven
And my heart beats so that I can hardly speak
And I seem to find the happiness I seek
Ao dar o primeiro passo no palco, Norah me arrancou suspiros. Ao primeiro acorde de seu piano, Norah me arrepiou a nuca como se estivesse sussurrando ao pé do meu ouvido. Mas foi tocando Come Away With Me que senti este anjo segurar-me pela mão e mostrar que nada há de mais significante nessa vida que a expressão límpida de sentimentos puros. Lágrimas suavemente desciam pela minha face enquanto eu sentia-me regressando ao colo materno e sussurrando para minha mãe: "Que vontade de ir junto com essa música, mãe." Desta vez eu fui.
Foi nesse êxtase que passei o final da noite de ontem. Queria que ele se prolongasse eternidade a dentro. Queria não precisar soltar a mão deste anjo, que ele me levasse junto com a canção.
Eu continuo aqui, no meu dia-a-dia mortal, quase igual ao de ontem. Diferente apenas graças à memória mágica de uma noite especial em que passei em paz.